[Intro]
23 anos contrariando a estatística

[Verso 1]
Isso é a gente mesmo na voz, bruxo pro debate
Quem vai garantir um de nóis, luxo, não vai ser o engraxate
Então, escolha seu caminho, é voz ativa, é nóis na ativa
Após a criva de tiros de boys contra Dubois à viva
Resistência contra o capital motor da desigualdade
A decapitar o promotor da desigualdade
As madames nos querem capacho, negão macho
Jegue do pescoço pra cima e da cintura pra baixo
Eu acho, chutando baixo, que o racho histórico foi
Tratar a gente igual bicho sem direito a fruta no cacho
Ser base de economia, respeitem meus cabelos brancos
Sem pelourinho pelos bantos
São protagonistas da própria glória negada pra ser, busquei, tô
Por reparo na história que fez preto nascer suspeito
Inverso ao padrão propaganda ao comer cereal
Então, enquanto eles for racista, eu não vou ser comercial

[Refrão]
'Cê lá faz ideia do que é ver vidro subir
Alguém correr quando avistar você? Não?
'Cê não faz ideia, não faz ideia, não faz ideia

[Verso 2]
Por favor, alguém explica pro Danilo o fato
Que o que menos associam é a inteligência
Ao nos comparar com macaco
Vê o desacato? Esse seu racismo de fantasia
Dá tanta azia quanto cocô no prato
É, o crime tocou nos ratos cinza, 'tão no ato
De covardia patrocinada à la capitão do mato
E seus anos de caça
Tradição escravocrata é aviso prévio
Pra quem trampou trocentos anos de graça
Reparo digno, ser federal é a receita
E o mínimo, só que os filhos da puta não respeitam
Querem que se foda preto, pobre, índio
E o suicídio à testemunha do genocídio
Dedo na ferida em carne viva, ou mortos vão só ser ossos
Ku Klux Klan tão de apelido, porcos vão só ter sócios
Sobra de vida, vim dos destroços
Matar os boy e alegar que não é nada pessoal, são só negócios

[Refrão]
'Cê lá faz ideia do que é ver vidro subir
Alguém correr quando avistar você? Não?
'Cê não faz ideia, não faz ideia, não faz ideia
Não faz